sábado, 9 de março de 2013

Diário da Dilma – Em terra de saci, qualquer chute é voleio

1º DE FEVEREIRO - Pelas bengalas do Mandela! Fui dar uma olhada na agenda do mês e meu queixo caiu: o Patriota vai me mandar para a Guiné Equatorial!! Capital, Malabo! MALABO!!! O que eu fiz para esse homem me tratar assim?! 2 DE FEVEREIRO - Pé de pato, mangalô, três vezes! É o terceiro telefonema da Ideli hoje. Não atendi nenhum. Ela está se insinuando para passar o Carnaval comigo na Bahia. Disse que está com medo de ir para Santa Catarina por causa dos ataques. Já expliquei que mando a Força Nacional para lá, que ela pode ir tranquila. Para me livrar dela, despacho até o 2º Exército, e ainda peço ajuda à 4ª Frota americana. 3 DE FEVEREIRO - Em viagens internacionais, o Ney Latorraca faz a mala com dez dias de antecedência. É dessa eficiência que preciso. 4 DE FEVEREIRO - Risco de apagão, aumento da gasolina, polêmica em Belo Monte. Os deuses conspiram para me aproximar do Lobão. Fui ao Show Rural de Cascavel, no Paraná. É isso que dá colocar Gleisi na Casa Civil. 5 DE FEVEREIRO - Gracinha me contou que vai sair na avenida. Fiz cara de paisagem. Precisa ter muito peito para sair na avenida depois dos resultados da Petrobras. Mas cada um com seu cada um. Se ao menos servir para ela prender aquele cabelo. 6 DE FEVEREIRO - Fiz uma sessão de cinema aqui em casa para os filhos e netos dos ministros. É como diz o conhecido ditado búlgaro: “Quem meus filhos agrada, minha boca adoça.” Uma gracinha de filme, Tainá. Eu adorei! Tarde fofa! Coitado do Marco Aurélio. Foi operado do coração aqui em Brasília. É um destemido! 7 DE FEVEREIRO - Tá confirmado! Vou para a Bahia no Carnaval! A Base Naval de Aratu vai ficar pequena! Cara, caramba, cara, cara ô! Brinquei que ia deixar a chave da Nação para o Rei Momo. Em oito minutos, apareceram dezessete parlamentares do PMDB sambando com uma coroa na cabeça. Em terra de saci, qualquer chute é voleio. 8 DE FEVEREIRO - Já está tudo arrumado para o nosso tradicional Baile do Toma Lá Dá Cá. Mamãe e titia arrumaram fantasias de Nina e Carminha. Gabrielzinho vai vestido de Pibinho. Se alguém aparecer com a máscara do Joaquim Barbosa, está demitido. Eu botei uns óculos escuros redondinhos, uma roupa branca, domei o topete e fiquei a cara do Psy. “Oppan Gangnam Style!” 10 DE FEVEREIRO - Estava dançando um frevo esperto quando vieram me dizer que o Lobão estava na linha. Fui pega de surpresa, tropecei e quebrei o dedão. 11 DE FEVEREIRO - De tédio é que eu não morro. O Gilbertinho me acorda cedo para dizer que o papa renunciou. Fiquei besta! Nunca tinha ouvido falar que papa podia renunciar. Não sei se devo me pronunciar. O que eu posso dizer? Vai com Deus, meu filho. Acho que não é esse o tom da coisa. 12 DE FEVEREIRO - Comecei a mascar chiclete. João Santana acha que me dá um ar menos intelectual, mais povão, com um toque de rebeldia. 13 DE FEVEREIRO - Tem coisa mais descolada que presidenta de Crocs vermelhos? Para melhorar, esse sapatinho furadinho, coisa fofa, não fica roçando no curativo que titia fez no meu dedão. Me apeguei. 14 DE FEVEREIRO - Aprendi, finalmente, a fazer bola com chiclete. 15 DE FEVEREIRO - Depois de tanto jornal repetir que o papa é pop, fiquei com a bela obra do Humberto Gessinger na cabeça. Hoje, num despacho com o Patriota, sapequei: “Minha vida é tão confusa quanto a América Central. Por isso não me acuse de ser irracional.” Disse que ia usar na próxima Assembleia Geral da ONU. Precisava ter fotografado a cara que ele fez. Esse meteorito na Rússia só pode ser coisa do Zé Dirceu. O homem anda amargurado com a falta de apoio da KGB. 18 DE FEVEREIRO - A Ideli, que vive se fazendo de prestativa para provar que tem serventia, deu uma checada na Wikipédia e veio me dizer que existem três Guinés. Vão me mandar logo para a piorzinha delas! Nem português eles falam por lá. É espanhol! A princípio, pensei que fosse coisa do Joaquim Barbosa ou da Veja. Mas agora estou achando que foi o Temer mesmo. Ele deve estar doidinho para assumir logo essa porcaria e bem que se beneficiaria se eu pegasse uma boa malária. Onde estão os movimentos sociais que não saem em minha defesa? Ficam perdendo tempo com essa mala da Yoani, enquanto eu desapareço no coração das trevas? 19 DE FEVEREIRO - Vetei a pobreza extrema. 20 DE FEVEREIRO - Acordei às cinco da manhã e fiquei enrolando brigadeiro para a festa de 10 anos do PT. Lula disse que sou muito centralizadora. Mas será que a militância saberia deixar a borda crocante? Malan fez 70 anos. Por que esses tucanos envelhecem tão bem? Será que são os bons vinhos? E eu aqui com o Guido, que a cada dia fica com mais cara de maître de restaurante de aeroporto. 21 DE FEVEREIRO - Estou atrás de um mapa para ver onde fica essa Guiné Equatorial. Preciso fazer a mala e nem sei o que levar. Equatorial deve ser um calor de fritar ovo no asfalto. Meu pé incha tanto com o calor… 22 DE FEVEREIRO - Isso aqui é feio como Canapi e quente feito Maceió. O presidente é dono até da carroça de cachorro-quente. Renanzinho ia se sentir em casa. Daqui vou para a Nigéria. Patriota não chega até a próxima reforma ministerial. 24 DE FEVEREIRO - Ufa. De volta para casa. Coisa boa! É domingão de Oscar! Comprei duas caixas de Guaraviton para não dormir e um potão de sorvete de pistache. Daqui não saio nem que me digam que o Lula se filiou ao PSDB. Já pus meu pijaminha de Les Mis para torcer pelo filme. Russell Crowe cantando à beira do abismo me comoveu demais. 25 DE FEVEREIRO - Sonhei que era a Yoani e estava no meio do Congresso da UNE. Os militantes mais exaltados já me atiravam tomos de O Capital quando Lobão apareceu. Ele vestia a boina de Che Guevara e com um só grito calou a multidão. Amanheci estremecida. 26 DE FEVEREIRO - Ideli não confessa, mas anda torcendo pelo Berlusconi nos bastidores. O homem tascou um beliscão na Merkel que quase provocou a Terceira Guerra Mundial. Ideli identificou no gesto uma virilidade sensual que só tinha visto antes no Mitt Romney. 27 DE FEVEREIRO - É a terceira vez que digo para o Sarney que não tenho nenhuma influência no Vaticano. Affe.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Carta aberta ao Senador Renan Calheiros

Texto de Thereza Collor # (sobre calheiros e outros cachoeiras...- comment) .Carta aberta ao Senador Renan Calheiros Por Thereza Collor - Publicado por Mendonça Neto, Jornal Extra - Rio de Janeiro
"Vida de gado. Povo marcado. Povo feliz". As vacas de Renan dão cria 24 h por dia. Haja capim e gente besta em Murici e em Alagoas! Uma qualidade eu admiro em você: o conhecimento da alma humana. Você sabe manipular as pessoas, as ambições, os pecados e as fraquezas. Do menino ingênuo que eu fui buscar em Murici para ser deputado estadual em 1978 - que acreditava na pureza necessária de uma política de oposição dentro da ditadura militar - você, Renan Calheiros, construiu uma trajetória de causar inveja a todos os homens de bem que se acovardam e não aprendem nunca a ousar como os bandidos. Você é um homem ousado. Compreendeu, num determinado momento, que a vitória não pertence aos homens de bem, desarmados desta fúria do desatino, que é vencer a qualquer preço. E resolveu armar-se. Fosse qual fosse o preço, Renan Calheiros nunca mais seria o filho do Olavo, a degladiar-se com os poderosos Omena, na Usina São Simeão, em desigualdade de forças e de dinheiros. Decidiu que não iria combatê-los de peito aberto, descobriria um atalho, um mil artifícios para vencê-los, e, quem sabe, um dia derrotaria todos eles, os emplumados almofadinhas que tinham empregados cujo serviço exclusivo era abanar, durante horas, um leque imenso sobre a mesa dos usineiros, para que os mosquitos de Murici(em Murici, até os mosquitos são vorazes) não mordessem a tez rósea de seus donos: Quem sabe, um dia, com a alavanca da política, não seria Renan Calheiros o dono único, coronel de porteira fechada, das terras e do engenho onde seu pai, humilde, costumava ir buscar o dinheiro da cana, para pagar a educação de seus filhos, e tirava o chapéu para os Omena, poderosos e perigosos. Renan sonhava ser um _big shot_, a qualquer preço. Vendeu a alma, como o Fausto de Goethe, e pediu fama e riqueza, em troca. Quando você e o então deputado Geraldo Bulhões, colegas de bancada de Fernando Collor, aproximaram-se dele e se aliaram, começou a ser Parido o novo Renan. Há quem diga que você é um analfabeto de raro polimento, um intuitivo. Que nunca leu nenhum autor de economia, sociologia ou direito. Os seus colegas de Universidade diziam isso. Longe de ser um demérito, essa sua espessa ignorância literária faz sobressair, ainda mais, o seu talento de vencedor. Creio que foi a casa pobre, numa rua descalça de Murici, que forneceu a você o combustível do ódio à pobreza e o ser pobre. E Renan Calheiros decidiu que, se a sua política não serviria ao povo em nada, a ele próprio serviria em tudo. Haveria de ser recebido em palácios, em mansões de milionários, em Congressos estrangeiros, como um príncipe, e quando chegasse a esse ponto, todos os seus traumas banhados no rio Mundaú, seriam rebatizados em Fausto e opulência; "Lá terei a mulher que quero, na cama que escolherei. Serei amigo do Rei." Machado de Assis, por ingênuo, disse na boca de um dos seus personagens: "A alma terá, como a terra, uma túnica incorruptível." Mais adiante, porém, diante da inexorabilidade do destino do desonesto, ele advertia: "Suje-se, gordo! Quer sujar-se? Suje-se, gordo!" Renan Calheiros, em 1986, foi eleito deputado federal pela segunda vez. Nesse mandato, nascia o Renan globalizado, gerente de resultados, ambição à larga, enterrando, pouco a pouco, todos os escrúpulos da consciência. No seu caso, nada sobrou do naufrágio das ilusões de moço! Nem a vergonha na cara. O usineiro João Lyra patrocinou essa sua campanha com US1.000.000. O dinheiro era entregue, em parcelas, ao seu motorista Milton, enquanto você esperava, bebericando, no antigo Hotel Luxor, av. Assis Chateaubriand, hoje Tribunal do Trabalho. E fez uma campanha rica e impressionante, porque entre seus eleitores havia pobres universitários comunistas e usineiros deslumbrados, a segui-lo nas estradas poeirentas das Alagoas, extasiados com a sua intrepidez em ganhar a qualquer preço. O destemor do alpinista, que ou chega ao topo da montanha - e é tudo seu, montanha e glória - ou morre. Ou como o jogador de pôquer, que blefa e não treme, que blefa rindo, e cujos olhos indecifráveis Intimidam o adversário. E joga tudo. E vence. No blefe. Você, Renan não tem alma, só apetites, dizem. E quem, na política brasileira, a tem? Quem, neste Planalto, centro das grandes picaretagens nacionais, atende no seu comportamento a razões e objetivos de interesse público? ACM, que, na iminência de ser cassado, escorregou pela porta da renúncia e foi reeleito como o grande coronel de uma Bahia paradoxal, que exibe talentos com a mesma sem-cerimônia com que cultiva corruptos? José Sarney, que tomou carona com Carlos Lacerda, com Juscelino, e, agora, depois de ter apanhado uma tunda de você, virou seu pai-velho, passando-lhe a alquimia de 50 anos de malandragem? Quem tem autoridade moral para lhe cobrar coerência de princípios? O presidente Lula, que deu o golpe do operário, no dizer de Brizola, e hoje hospeda no seu Ministério um office boy do próprio Brizola? Que taxou os aposentados, que não o eram, nem no Governo de Collor, e dobrou o Supremo Tribunal Federal? No velho dizer dos canalhas, todos fazem isso, mentem, roubam, traem. Assim, senador, você é apenas o mais esperto de todos, que, mesmo com fatos gritantes de improbidade, de desvio de conduta pública e privada, tem a quase unanimidade deste Senado de Quasímodos morais para blinda-lo. E um moço de aparência simplória, com um nome de pé de serra - Siba - é o camareiro de seu salvo-conduto para a impunidade, e fará de tudo para que a sua bandeira - absolver Renan no Conselho de Ética - consagre a sua carreira. Não sei se este Siba é prefixo de sibarita, mas, como seu advogado in pectore, vida de rico ele terá garantida. Cabra bom de tarefa, olhem o jeito sestroso com que ele defende o chefe... É mais realista que o Rei. E do outro lado, o xerife da ditadura militar, que, desde logo, previne: quero absolver Renan. Que Corregedor !... Que Senado !... Vou reproduzir aqui o que você declarou possuir de bens em 2002 ao TRE. Confira, tem a sua assinatura: 1) Casa em Brasília, Lago Sul, R$ 800 mil, 2) Apartamento no edifício Tartana, Ponta Verde, R$ 700 mil, 3) Apartamento no Flat Alvorada, DF, de R$ 100 mil, 4) Casa na Barra de S Miguel de R$ 350 mil. E SÓ. Você não declarou nenhuma fazenda, nem uma cabeça de gado!! Sem levar em conta que seu apartamento no Edifício Tartana vale, na realidade, mais de R$1 milhão, e sua casa na Barra de São Miguel, comprada de um comerciante farmacêutico, vale mais de R$ 2.000.000. Só aí, Renan, você DECLARA POSSUIR UM PATRIMONIO DE CERCA DE R$ 5.000.000,00. Se você, em 24 anos de mandato, ganhou BRUTOS, R$ 2 milhoes, como comprou o resto? E as fazendas, e as rádios, tudo em nome de laranjas? Que herança moral você deixa para seus descendentes? Você vai entrar na história de Alagoas como um político desonesto, sem escrúpulos e que trai até a família. Tem certeza de que vale a pena? Uma vez, há poucos anos, perguntei a você como estava o maior latifundiário de Murici. E você respondeu: "Não tenho uma só tarefa de terra. A vocação de agricultor da família é o Olavinho." É verdade, especialmente no verde das mesas de pôquer!O Brasil inteiro, em sua maioria, pede a sua cassação. Dificilmente você será condenado. Em Brasília, são quase todos cúmplices. Mas olhe no rosto das pessoas na rua, leia direito o que elas pensam, sinta o desprezo que os alagoanos de bem sentem por você e seu comportamento desonesto e mentiroso. Hoje perguntado, o povo fecharia o Congresso. Por causa de gente como você ! Por favor, divulguem pro Brasil inteiro pra ver se o Congresso cria vergonha na cara. Os alagoanos agradecem.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

TAY ZONDAY ZERANDO A INTERNET

O filme O Hobbit é sensacional. Sim, são três horas de uma história MUITO bem filmada e te deixando preso do começo ao fim (e um gostinho de ACABOU!?). Um dos pontos interessantes do filme é quando os anões começam a cantar a canção da “Montanha Sombria”. É um coro muito bonito e várias pessoas fizeram suas versões desta música para a internet. Eis que surge das cinzas a voz mais sensual de todos os tempos, a tempestade de chocolate volta depois de cinco anos para fazer o som de um coro, em uma só voz.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Diário da Dilma: Quem não dança balalaica que cuide do samovar

PUBLICADO DA EDIÇÃO DE JANEIRO DA REVISTA PIAUÍ
Dilma é a figura de bege com um gorro na cabeça e um xale no pescoço 1º DE DEZEMBRO ─ Sentei ao lado do José Maria Marin no sorteio da Copa das Confederações. Não consegui tirar os olhos daquele acaju. Não sabia que aquilo era possível. O cozinheiro errou no sorteio. No sorteio! Nem para tirar a bolinha da cuia certa nós prestamos! Que são Pedro Canísio nos proteja em 2014. 2 DE DEZEMBRO ─ Nada de caças franceses, americanos ou suecos. Vou comprar esses aviões da Webjet que estão em promoção. 3 DE DEZEMBRO ─ Fui ao Maranhão inaugurar um porto e adivinha quem estava lá. Him! E ainda levou a filha governadora a tiracolo. Fizeram questão de me entregar a Ordem dos Timbiras, achei simpático. Como não dão ponto sem nó, já pedi para liberarem uns dois ou três cargos comissionados. Aprendi: quem mora em São Luís é ludovicense. Vou jogar na cara do Patriota. 4 DE DEZEMBRO ─Ideli ficou irritadíssima quando soube que a princesa está grávida. “É uma arrivista!”, gritava pelos corredores do Planalto, de dedo espetado no ar. Nem contra o caseiro do Palocci ela destilou tanto veneno. Nem dei trela, pois estou me sentindo avó de novo. Pedi para o Patriota mandar uma caixa de tamarindo para a Kate. É ótimo para enjoo de gravidez! Ele fez cara de pouco caso e eu tive de recorrer a um “Meu querido”. Ele disse que ia mandar. Quero ver! 5 DE DEZEMBRO ─ Gleisi me soprou que a tendência do verão é o cabelo quente: strawberry blonde e rose blonde. Imagina se o Palocci me daria uma informação dessas! Santa hora em que estourou aquele escândalo da consultoria. Apesar da friagem desse palácio, fiquei triste com a morte do Niemeyer. 6 DE DEZEMBRO ─ Facada pelas costas. Sei. De tantas que diz ter levado, se ainda está de pé é porque já deixou o gênero humano e entrou para a categoria dos queijos suíços. 7 DE DEZEMBRO ─ Depois de mais um Pibinho, tive vontade de mandar o Mantega de volta para a Itália. É sempre a mesma cantilena: “Mês que vem vamos bombar mais que a China.” Baita tró-ló-ló. Crescemos menos que o Peru! O Peru! E agora não dá nem para mandar embora. Aquela revista inglesa ─ como é o nome mesmo? ─ veio fazendo um estardalhaço, querendo ensinar o Pai-Nosso ao vigário. Terei de engolir o Guido mais um tempo em nome da soberania nacional. 8 DE DEZEMBRO ─ Vou ter uma conversa delicada com a Ideli. Sei que ela não estudou em colégio de freira, foi gorda, é de Santa Catarina, casada com um PM, mas precisa moderar a linguagem! De onde foi que ela tirou que dei “chapuletada” no Aécio?! Isso é linguagem? Eu lá sou mulher de dar chapuletada? Que coisa mais disgusting! Imagina minha cara diante do Patriota! 9 DE DEZEMBRO ─ Aquela Regina Casé é uma bola! Morri de rir com ela! Esqueci o nome do programa. A Helena me mandou uma cópia e achei ótimo. O horário é que é ruim. 10 DE DEZEMBRO ─ Eu aqui na Cidade Luz, em pleno Le Bristol, e tendo que almoçar com o Lula! O homem falou três horas seguidas! Até cochilei entre a salada e os queijos. Não pude nem dar uma chegadinha no Bon Marché, o magazine das elegantes, sem aquele monte de brasileiro das Galeries Lafayette. Na verdade, meu plano mesmo era dar um pulo no La Vallée, aquele outlet maravilhoso!! Queria comprar uma gravata para o Lobão e um casaco melhor, para levar para a Rússia. Fica para a próxima. Ai, que saia justa! Encontrei a Marisa Letícia! Só faltei perguntar receita de cuscuz paulista. Falei pelos cotovelos sobre o nada, fugindo do assunto. Senti que ela está uma arara! São Bernardo deve estar uma Síria. 11 DE DEZEMBRO ─ Aproveitei que o Lula largou do meu pé um instante e mandei comprar o último exemplar do Canard Enchaîné. O jornal continua engraçado, mas falem o que quiserem, nunca mais foi o mesmo desde que pararam de publicar o Diário de Carla Bruni. Que classe, que elegância! Somos muito parecidas, tanto assim que tirei dali minha inspiração. Menina, que sucesso eu fiz em Paris! Estava ótima, solta, firme, elegante! 12 DE DEZEMBRO ─ Ai que vontade de demitir o Lula. Isso a Economist (lembrei) não sugere! 13 de DEZEMBRO ─ A gente não tem sossego nem para viajar. Esse vai e vem dos royalties me encheu o pacová. Falei que ia vetar, vetei, mas se querem derrubar o veto, me diz, o que eu posso fazer? Ah, vão lamber sabão! Enquanto escrevo isso, o presidente da República é José Sarney. Os maias sabiam de tudo. (Os índios, não a família do livro.) 14 DE DEZEMBRO ─ Fiz 65 anos! Quem diria! Presidenta do Brasil, avó, festejando na Rússia meu aniversário. Confesso que senti um pouquinho de dor no peito pela falta dele. É uma pena que o Moreno não aguente tanto frio. Aliás, que friaca! A gente fica com aquele nariz vermelho, a orelha gelando… No túmulo do Lênin, me voltou tudo. De pé, ó vítimas da fome! / De pé, famélicos da terra! Me deu vontade de ir para Jersey e roubar o cofre do Maluf. O Putin é bem legal, apesar do que di-zem dele. Vamos ver se fechamos uma parceria. Ah, o comunismo é tão elegante! Que dificuldade colocar um gorro com esse cabelo armado. 15 DE DEZEMBRO ─ Para lavar a égua, anunciei 800 novos aeroportos de uma vez só. Em cada biboca do país vai ter um. A senhora mora em Ouricuri e quer ir para Bodocó? Pois não, basta tocar o jegue para o aeroporto no fim da rua. Quero ver alguém falar em caos aéreo. Como me disse o Vladimir, quem não dança balalaica que fique cuidando do samovar. 16 DE DEZEMBRO ─ Haddad me ligou para dizer que Maluf não tem nem nunca teve cofre em Jersey. 17 DE DEZEMBRO ─ Lembrete: não despedir o Patriota. As viagens estão melhorando. 18 DE DEZEMBRO ─ Quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece. O Marcos Valério abriu a boca de novo, o Freud reviveu das catacumbas, o fantasma do Celso Daniel está assombrando mais uma vez, annus horribilis, diria a rainha da Inglaterra. 19 DE DEZEMBRO ─ Finalmente! Soube que na terceira temporada de The Killing, Sarah Lund largou aquele suéter de matar! 21 DE DEZEMBRO ─ Vetei o Fim do Mundo. 23 DE DEZEMBRO ─ Em Paris, comprei uma bela água de colônia para o Lobão. Vamos ver se ele para de encharcar o rosto com Aqua Velva. Eu diria que é o único defeito dele, a imperfeição que o torna humano. 25 DE DEZEMBRO ─ Gabrielzinho ganhou presentes demais neste Natal: o Sarney lhe deu duas concessões de tevê, um pessoal louro mandou entregar três miniaturas de caça sueco e o Temer enviou um embrulhinho fofo com um emprego público vitalício dentro. Esse menino vai ficar muito mimado. Mas é tão bochechudinho! 29 DE DEZEMBRO ─ Impressionante como minhas manhãs rendem quando o Merval tira férias. Aquelas colunas me tomam 40 minutos. No mínimo. A casquinha do pão engorda tanto quanto o miolo! 30 DE DEZEMBRO ─ Mamãe e titia pensam que a história da Rose é novela. Como não gostam de Salve Jorge, transformaram o bafafá em seriado. Acompanham todos os jornais e ainda querem detalhes. Conto o mínimo possível porque minha tia é íntima da manicure, conta tudo para ela. 31 DE DEZEMBRO ─ Festa boa de Réveillon tem que tocar Tim Maia. Depois do segundo frozen de abacaxi, fico agitadíssima. Fux arrasou cantando Vale Tudo e Um Dia de Domingo. Só não engatou Acenda o Farol porque o Dirceu e o Rui Falcão apareceram de machadinha na mão e ele teve que sair pelos fundos.