terça-feira, 29 de novembro de 2011

Aviso à Polícia Federal e às demais instâncias do estado de direito: caso algo me aconteça, estas pessoas devem ser procuradas. E vocês verão por quê


Aviso à Polícia Federal e às demais instâncias do estado de direito: caso algo me aconteça, estas pessoas devem ser procuradas. E vocês verão por quê

Um sujeito criou uma página no Facebook intitulada “REPÚDIO AO JORNALISTA DA VEJA REINALDO AZEVEDO”. Ele se identifica como “Marquinho Maia” e seria estudante da PUC. O “inho”, o diminutivo, é para que tenhamos uma pista de seu caráter suave. Ele faz o convite (sempre que eu reproduzir um texto da página, vem na grafia e na pontuação originais, em vermelho):
“SE VOCÊ ASSIM COMO EU, TEM ASCO AO BLOGUEIRO (VEJA) REINALDO AZEVEDO, PELO SEUS COMENTÁRIOS REACIONÁRIOS, RACISTAS, MACHISTAS, DENTRE OUTROS.. SE MANIFESTE AQUI. JÁ NÃO AGUENTO MAIS LER ESCRITOS DESTE SENHOR QUE SE ACHA O DONO DA VERDADE ABSOLUTA!!”
Deu para perceber que sou uma pessoa péssima, terrível mesmo!, capaz das piores ignomínias. Ele convida outros que me odeiam a expressar o seu… ódio. E algumas pessoas compareceram para dar lições de civilidade. Para demonstrar que sou um  homem mau e que eles são bacanas, escrevem coisas assim (volto depois).
- O Paulo Marcos da Silva acha que devo ser empalado e me chama de “narcista” (!?):
Só consigo pensar em empalada. Ele deve ter algum aspecto fascista-narcista de apego a si mesmo face ao espelho”.
- O Kaioh Haurani certamente se considera um democrata e diz que sou nazista:
“Me dá asco compartilhar este mundo com gente dessa laia. Quando leio o que ele escreve sinto medo por saber que um monte de acéfalos também estão lendo aquele monte de merda e propagarão como papagaios seus pontos de vista nazistas.”
- A Paula Boller entende que sou prepotente e dá provas de sua humildade:
“Esse Reinaldo Azevedo é, no mínimo, prepotente. Acha que tem carga suficiente pra publicar o que ele publica, ou melhor, defeca. Seu lixo!”
- O Daniel Oliveira demonstra ser um homem sem preconceitos e, por isso, não gosta de mim:
“HAHAH…vcs estão perdendo a ateção por causa de um bacanazinho q não vive 2 dias nas ruas do rio de janeiro ,¬¬ …filosóficamente falando …esse velhote almofadinha ai não vive mais que 30 anos ,é recalcado ,e gosta de ser o centro das atenções ,esse maluco deve ter sido feio a vida toda,agora pode ter um carro e conseguiu a atenção das primeiras piranhas q estavam a sua volta, FUDEU !!!acho um…”
- O mesmo Daniel Oliveira se manifesta de novo, em termos igualmente elegantes:
Daniel Oliveira todos vcs velhotes um dia vão morrer…TODOS ,reitores,presidentes,delegados de policia federal,senadores e outros pilantrinhas brasileiros …vcs coroas não duram mais do q 30 anos AHAHAHA…o mundo é nosso velhote acorda e vá se preparar para colocar suas fraldas geriátricas otário !!! BRASIL !!!!
- O Duda Simões Fantini ensina o que é democracia numa página que, como se vê, é uma lição de educação, civilidade e tolerância.
“Democracia substancialmente (não formalmente) consiste no respeito aos direitos humanos. Racismo, difamação, impossibilidade de ampla defesa etc são coisas diametralmente opostas à Democracia. Logo, o que eles fazem não deve ser tido como “manifestação de opinião”. Deve ser tido como um retrocesso, uma cuspida na Constituição.”
- O Vitor Hime, que deve adorar democracia, cobra um evento público mesmo:
“e ai? vai rolar alguma manifestação?”
Voltei
Atenção, meus caros! Reproduzi os comentários, digamos, não muito chocantes. Há coisas lá do arco-da-velha, com as sugestões de sempre de sujeição sexual — são obcecados por isso, algo que deve ser matéria de curiosidade científica. Se o “preconceituoso”, “homofóbico” ou sei lá o quê, segundo eles próprios, sou eu, por que recorrem com tanta freqüência a acusações que, se verdadeiras fossem, denotariam o mais escancarado… preconceito?
Não sou um doce de coco e nunca me apresentei assim. Mas me limito a defender a Constituição democrática do Brasil. De fato, não sou um deles, não penso como eles. Enquanto essa gente borrava a fralda, corri riscos nada desprezíveis para que houvesse liberdade de expressão no Brasil. Isso não me garante direitos especiais. Ao contrário: eu exerço um dos direitos garantidos à coletividade: aquela mesma liberdade conquistada.
Como não conseguem contestar os meus argumentos, então fazem o que se vê acima. Reclamam que não publico seus comentários em minha página. Por que será? O que se lê é só um exemplo pálido do que chega. Como não conseguem contestar os meus argumentos, acusam-me de truculência e agem com essa doçura…
Fui obrigado a tomar medidas para assegurar a minha integridade. Mas nunca se pode garantir eficácia absoluta. Torno essa questão pública, alertando milhares de leitores para o que vai na rede, porque, caso algo me aconteça, cumpre à Polícia Federal procurar o sr. “Marquinho Maia”, que mantém no ar esse festival de baixaria, entre outros.
Sou, sim, muito duro nas minhas opiniões — e não vou mudar. Mas não tento calar ninguém nem participo de correntes na Internet; tampouco me aplico àquilo que se chama “jornalismo investigativo” — há gente com muito mais capacidade do que eu nessa área, fazendo um trabalho brilhante. O que faço é debater idéias. Por que não fazem o mesmo? Essa gente não está só! Há hoje uma miríade de subjornalistas financiados pelo poder — pelo governo propriamente ou por estatais — que alimenta esse clima.
ATENÇÃO! A ÚLTIMA VEZ EM QUE FUI FISICAMENTE AMEAÇADO POR PENSAR O QUE PENSO FOI EM 1980! A ÚLTIMA VEZ EM QUE TEMI O ATAQUE VINDO DE ALGUM LUGAR, DAS SOMBRAS, FOI EM 1977, POR CAUSA DE UM ENROSCO COM O DOPS OCORRIDO NO ANO ANTERIOR. EU TINHA 16 ANOS.

Eu combatia a ditadura. Os que falam acima combatem a democracia. O objetivo é me calar. Não vão. Sintam-se alertados os órgãos de segurança. Já tirei cópia de tudo e darei seqüência às providências legais que tenho tomado.
SIM, MEUS CAROS, CHEGAMOS AO PONTO EM QUE SE PREGA ABERTAMENTE A ELIMINAÇÃO FÍSICA DOS ADVERSÁRIOS EM NOME DA… DEMOCRACIA!
E é evidente, de resto, que, nesse caso, o Facebook é a base material do linchamento e se torna co-responsável pelos crimes de calúnia, injúria e difamação e por ameaças nem tão veladas. Se mantém páginas assim no ar, então ajuda a promover a barbárie.
Não vou desistir! Continuarei a defender a Constituição da República Federativa do Brasil. Agora com ainda mais entusiasmo! Não corri riscos para me deixar intimidar por meia-dúzia de fascistóides que não sabem o que é democracia e por bucaneiros da Internet.
PS - Espalhem este post. Os métodos a que essa gente recorre têm de ser conhecidos.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011


COMO ESTRAGAR UMA FOTO


A banda jovem mais surpreendente dos últimos tempos



Quem não suporta mais bandas formadas por jovens ou crianças feitas claramente com o objetivo de arrecadar muito dinheiro sem se preocupar com a qualidade musical. Entretanto, não é o caso da VazquezSounds, uma banda mexicana que ficou conhecida na última semana pela incrível execução de Deep, da cantora Adele.
Formada por Angie Vazquez (voz), Gustavo Vazquez (bateria) e Abelardo Vazquez (piano, guitarra e baixo).




Está aberta a polêmica: jornalista Mírian Macedo confessa que mentiu durante 30 anos, dizendo que foi torturada

O comentarista e colaborador Milton Corrêa da Costa nos envia o texto publicado no blog da jornalista Mírian Macedo, em que ela confessa que jamais foi torturada ao ser presa na ditadura militar.
***
A VERDADE: EU MENTI
Mírian Macedo
Eu, de minha parte, vou dar uma contribuição à Comissão da Verdade. Fui uma subversivazinha medíocre, mal fui aliciada e já caí, com as mãos cheias de material comprometedor. Não tive nem o cuidado de esconder os jornais da organização clandestina a que eu pertencia, eles estavam no meio dos livros de uma estante, daquelas improvisadas, de tijolos e tábuas, que existia em todas as repúblicas de estudantes, em Brasília naquele ano de 1973.
Já contei o que eu fazia (quase nada). A minha verdadeira ação revolucionária foi outra, esta sim, competente, profícua, sistemática: MENTI DESCARADAMENTE DURANTE 30 ANOS!
Repeti e escrevi a mentira de que tinha tomado choques elétricos (poucos, é verdade), que me interrogaram com luzes fortes, que me ameaçaram de estupro quando voltava à noite dos interrogatórios no DOI-CODI para o PIC e que eu ficavam ouvindo “gritos assombrosos” de outros presos sendo torturados (aconteceu uma única vez, por pouquíssimos segundos: ouvi gritos e alguém me disse que era minha irmã sendo torturada. Os gritos cessaram – achei, depois, que fosse gravação – e minha irmã, que também tinha sido presa, não teve um único fio de cabelo tocado).
Eu menti dizendo que meus algozes diversas vezes se divertiam jogando-me escada abaixo, e, quando eu achava que ia rolar pelos degraus, alguém me amparava (inventei “um trauma de escadas”, imagina). A verdade: certa vez, ao descer as escadas até a garagem no subsolo, alguém me desequilibrou e outro me segurou, antes que eu caísse.
Quanto aos empurrões de que eu fui alvo durante os dias de prisão, não houve violência nem chegaram a machucar nada mais que um gesto irritado de um dos inquisidores, eu os levava à loucura, com meu enrolation. Sou rápida no raciocínio, sei manipular as palavras, domino a arte de florear o discurso. Um deles repetia sempre: “Você é muito inteligente. Já contou o pré-primário. Agora, senta e escreve o resto”.
Quem, durante todos estes anos, tenha me ouvido relatar aqueles dias em que estive presa, tinha o dever de carimbar a minha testa com a marca de “vítima da repressão”. A impressão, pelo relato, é de que aquilo deve ter sido um calvário tão doloroso que valeria uma nota preta hoje, os beneficiados com as indenizações da Comissão da Anistia sabem do que eu estou falando.
Ma va! Torturada?! Eu?! As palmadas que dei na bunda de meus filhos podem ser consideradas tortura inumana se comparadas ao que (não) sofri nas mãos dos agentes do DOI-CODI.
Que teve gente que padeceu, é claro que teve. Mas alguém acha que todos nós que saíamos da cadeia contando que tínhamos sido barbaramente torturados falávamos a verdade?
Não, não é verdade. Noventa e nove por cento das barbaridades e torturas eram pura mentira! Por Deus, nós sabemos disto! Ninguém apresentava a marca de um beliscão no corpo. Éramos barbaramente torturados e ninguém tinha uma única mancha roxa para mostrar! Sei, técnica do torturadores. Não, técnica de torturado, ou seja, mentira.
Mário Lago, comunista até a morte, ensinava: “quando sair da cadeia, diga que foi torturado. Sempre.” A pior coisa que podia nos acontecer naqueles “anos de chumbo” era não ser preso. Como assim, todo mundo ia preso e nós não? Ser preso dava currículo, demonstrava que éramos da pesada, revolucionários perigosos, ameaça ao regime, comunistas de verdade! Sair dizendo que tínhamos apanhado, então! Mártires, heróis, cabras bons.
Vaidade e mau-caratismo puros, só isto. Nós saímos com a aura de hérois e a ditadura com a marca da violência e arbítrio. Era mentira? Era, mas, para um revolucionário comunista, a verdade é um conceito burguês, Lênin já tínhamos nos ensinado o que fazer.
E o que era melhor: dizer que tínhamos sido torturados escondia as patifarias e amarelões que nos acometiam quando ficávamos cara a cara com os “ômi”. Com esta raia miúda que nós éramos, não precisava bater. Era só ameaçar, a gente abria o bico rapidinho.
Quando um dia perguntaram-me se eu queria conhecer a marieta, pensei que fosse uma torturadora braba. Mas era choque elétrico (parece que marieta era uma corruptela de maritaca (nome que se dava à maquininha que rodava e dava choque elétrico). Eu não a quis conhecer.
Relembrar estes fatos está sendo frutífero. Criei coragem e comecei a ler um livro que tenho desde 2009 (é mais um que eu ainda não tinha lido): “A Verdade Sufocada – A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça”, escrito pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ulstra. Editora Ser, publicado em 2007. Serão quase 600 páginas de verdade sufocada? Vou conferir.
(Fonte Tribuna da Imprensa)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

National Geographic exibe as fotos que estão concorrendo ao prêmio de melhor do ano


Todos os anos a National Geographic recebe inúmeras fotos de vários lugares do mundo. O intuito é participar do concurso que divulga as mais interessantes. Além disso, o vencedor recebe um prêmio em dinheiro e uma viagem à sede da National Geographic em Washington, EUA.
Confira algumas fotos que estão concorrendo.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Assistente de ativista Ai Weiwei é acusado de disseminar pornografia
Foto: AFP Governo chinês diz que foto artística compartilhada na internet é obscena e pornográfica O Globo Um dos assistentes do artista chinês Ai Weiwei está sendo investigado pela polícia local acusado de disseminar pornografia na internet, segundo divulgou o próprio ativista nesta sexta-feira. De acordo com Weiwei, o cinegrafista Zhao Zhao foi questionado por autoridades na última quinta-feira sobre uma foto artística que ele teria compartilhado. A imagem intitulada “Um tigre, oito seios” mostra Weiwei ao lado de quatro mulheres, todos nus e sentados em cadeiras chinesas tradicionais, em contraste com um fundo branco. O ativista criticou a ação das autoridades chinesas e questionou se os agentes conseguem compreender o que é “arte e cultura”. - Se eles entendem nudez como pornografia, então a China deve estar ainda no período da dinastia Qing – criticou Weiwei. Zhao acrescentou que a polícia o informou que ele deve ser processado criminalmente por ter compartilhado a foto e por ela ter se espalhado na rede. Mesmo que as denúncias ainda não tenham atingido Weiwei, o cinegrafista acredita que as acusações fazem parte da perseguição do governo ao ativista. - Eles disseram: “Essa fotografia é obscena”. Eu eu disse “Eu não acho isso. O que é obsceno nesta imagem?”. Então, eles responderam: “É obscena, e basta”. Como os esforços deles para atingir Weiwei ainda não tiveram nenhum efeito, como no caso da cobrança dos impostos, eles estão tentando por outros meios – afirma Zhao. Leia mais em Assistente de ativista Ai Weiwei é acusado de disseminar pornografia

Imaginem então o que aconteceria se o governo chinês visse os nus ginecológicos que temos aqui no Brasil.  

Memento, asine, nomina stultorum scribuntur ubique locorum...

Esse latinorum todo fazia parte do trote dado aos calouros da Faculdade de Direito da Universidade do Brasil (falo de causo acontecido no final dos anos 50 do século passado...). Era o que estava escrito no Diploma de Burro que um amigo recebeu e teve que assinar! Não se assustem que não vou embrenhar pelo caminho muito frequentado pelos meus contemporâneos: “no meu tempo...”. Pelo simples motivo que meu tempo foi ontem, é hoje e será amanhã enquanto Deus me der a graça de estar viva. Na escola não tínhamos tias. Tínhamos professoras e professores. Não havia supermercado e as compras da casa eram feitas no armazém e anotadas em um caderno. A mínima suspeita bastava para o freguês abandonar aquele estabelecimento. O caderno tinha que ser a expressão da verdade. Qualquer objeto novo encontrado em nosso quarto, ou pasta escolar, ou bolso, uma borracha, um lápis, um apontador, era investigado como se fosse uma bomba prestes a explodir e no dia seguinte devolvido à professora. Mentir para pai e mãe era um pecado para ser confessado ao padre antes da comunhão... Com isso quero dizer que a geração que antecedeu a minha não tem culpa. Bem que tentou. Às vezes lembro-me da Dona Iracema, diretora do Bennett, lendo em voz alta a Oração aos Moços numa daquelas assembleias semanais. Nós achávamos muito, muito chato. Hoje acho que além de chato, que me perdoe o espírito de Ruy Barbosa, aquele célebre texto foi prejudicial porque acendeu a luz errada em nossas mentes: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”. Pois foi. O brasileiro desanimou e de repente, não mais que de repente, sem soneto divino, em prosa rasteira mesmo, entramos no reino da rebimboca da parafuseta. A conclusão: o redator do Diploma de Burro, creio eu que anônimo, era um gênio. Memento, asine, nomina stultorum scribuntor ubique locorum*... Ontem nós, brasileiros de todos os tamanhos, feitios e cores recebemos nosso Diploma de Burros das mãos dos Três Poderes. Carlos Lupi não mentiu. Nós é que o compreendemos mal. Ele jantou em casa do Adair, voou pelos céus do Brasil com o Adair, deu uma pequena ajuda de milhões às ONGs do Adair, mas ele não tem relações com o Adair. Não são nem conhecidos! O Diploma de Burros nos foi dado a todos nós ontem: *Lembre-se, asno, o nome dos idiotas está escrito por toda parte. Simbora assinar! (texto da Maria Helena Rubinato)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

'EU AJUDEI A DESTRUIR O RIO DE JANEIRO'

- artigo de Sylvio Guedes

No momento em que se celebra a "ocupação" da favela da Rocinha, sem explicar por que o Rio de Janeiro tolerou o controle exercido por uma década pelos traficantes, em uma comunidade de quase meio milhão de pessoas, é hora de reler o artigo do jornalista carioca Sylvio Guedes. Radicado em Brasília, ele foi editor-chefe dos principais jornais da capital. O título do artigo é "Eu ajudei a destruir o Rio de Janeiro":
É irônico que a classe artística e a categoria dos jornalistas estejam agora na, por assim dizer, vanguarda da atual campanha contra a violência enfrentada pelo Rio de Janeiro. Essa postura é produto do absoluto cinismo de muitas das pessoas e instituições que vemos participando de atos, fazendo declarações e defendendo o fim do poder paralelo dos chefões do tráfico de drogas.
Quando a cocaína começou a se infiltrar de fato no Rio de Janeiro, lá pelo fim da década de 70, entrou pela porta da frente.
Pela classe média, pelas festinhas de embalo da Zona Sul, pelas danceterias, pelos barzinhos de Ipanema e Leblon.
Invadiu e se instalou nas redações de jornais e nas emissoras de TV, sob o silêncio comprometedor de suas chefias e diretorias.
Quanto mais glamuroso o ambiente, quanto mais supostamente intelectualizado o grupo, mais você podia encontrar gente cheirando carreiras e carreiras do pó branco.
Em uma espúria relação de cumplicidade, imprensa e classe artística (que tanto se orgulham de serem, ambas, formadoras de opinião) de fato contribuíram enormemente para que o consumo das drogas, em especial da cocaína, se disseminasse no seio da sociedade carioca – e brasileira, por extensão.
Achavam o máximo; era, como se costumava dizer, um barato. Festa sem cocaína era festa careta.
As pessoas curtiam a comodidade proporcionada pelos fornecedores: entregavam a droga em casa, sem a necessidade de inconvenientes viagens ao decaído mundo dos morros, vizinhos aos edifícios ricos do asfalto.
Nem é preciso detalhar como essa simples relação econômica de mercado terminou. Onde há demanda, deve haver a necessária oferta. E assim, com tanta gente endinheirada disposta a cheirar ou injetar sua dose diária de cocaína, os pés-de-chinelo das favelas viraram barões das drogas.
Há farta literatura mostrando como as conexões dos meliantes rastaquera, que só fumavam um baseado aqui e acolá, se tornaram senhores de um império, tomaram de assalto a mais linda cidade do país e agora cortam cabeças de quem ousa lhes cruzar o caminho e as exibem em bandejas, certos da impunidade.
Qualquer mentecapto sabe que não pode persistir um sistema jurídico em que é proibida e reprimida a produção e venda da droga, porém seu consumo é, digamos assim, tolerado.
São doentes os que consomem. Não sabem o que fazem. Não têm controle sobre seus atos. Destroem famílias, arrasam lares, destroçam futuros.
Que a mídia, os artistas e os intelectuais que tanto se drogaram nas três últimas décadas venham a público assumir:
“Eu ajudei a destruir o Rio de Janeiro.”
Façam um adesivo e preguem no vidro de seus Audis, BMWs e Mercedes.