sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Memento, asine, nomina stultorum scribuntur ubique locorum...

Esse latinorum todo fazia parte do trote dado aos calouros da Faculdade de Direito da Universidade do Brasil (falo de causo acontecido no final dos anos 50 do século passado...). Era o que estava escrito no Diploma de Burro que um amigo recebeu e teve que assinar! Não se assustem que não vou embrenhar pelo caminho muito frequentado pelos meus contemporâneos: “no meu tempo...”. Pelo simples motivo que meu tempo foi ontem, é hoje e será amanhã enquanto Deus me der a graça de estar viva. Na escola não tínhamos tias. Tínhamos professoras e professores. Não havia supermercado e as compras da casa eram feitas no armazém e anotadas em um caderno. A mínima suspeita bastava para o freguês abandonar aquele estabelecimento. O caderno tinha que ser a expressão da verdade. Qualquer objeto novo encontrado em nosso quarto, ou pasta escolar, ou bolso, uma borracha, um lápis, um apontador, era investigado como se fosse uma bomba prestes a explodir e no dia seguinte devolvido à professora. Mentir para pai e mãe era um pecado para ser confessado ao padre antes da comunhão... Com isso quero dizer que a geração que antecedeu a minha não tem culpa. Bem que tentou. Às vezes lembro-me da Dona Iracema, diretora do Bennett, lendo em voz alta a Oração aos Moços numa daquelas assembleias semanais. Nós achávamos muito, muito chato. Hoje acho que além de chato, que me perdoe o espírito de Ruy Barbosa, aquele célebre texto foi prejudicial porque acendeu a luz errada em nossas mentes: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”. Pois foi. O brasileiro desanimou e de repente, não mais que de repente, sem soneto divino, em prosa rasteira mesmo, entramos no reino da rebimboca da parafuseta. A conclusão: o redator do Diploma de Burro, creio eu que anônimo, era um gênio. Memento, asine, nomina stultorum scribuntor ubique locorum*... Ontem nós, brasileiros de todos os tamanhos, feitios e cores recebemos nosso Diploma de Burros das mãos dos Três Poderes. Carlos Lupi não mentiu. Nós é que o compreendemos mal. Ele jantou em casa do Adair, voou pelos céus do Brasil com o Adair, deu uma pequena ajuda de milhões às ONGs do Adair, mas ele não tem relações com o Adair. Não são nem conhecidos! O Diploma de Burros nos foi dado a todos nós ontem: *Lembre-se, asno, o nome dos idiotas está escrito por toda parte. Simbora assinar! (texto da Maria Helena Rubinato)

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