sábado, 7 de maio de 2011

EMENDANDO OS BIGODES

                    Miguezim de Princesa
I
Acabou-se aquele tempo
Do namoro na janela,
Do cabra se arrepiar
Só de olhar a canela
E ficar desengonçado
Fazendo um curruchiado
No pescoço da donzela.

II
Hoje o rapaz se agarra
Com uma morena aprumada,
Chumbrega mais de meia hora
No batente da calçada
E, na hora da partida,
Nem mexe a desmilinguida
E a gente não vê é nada.

III
Moço na flor da idade
Tem de se analisar:
É um tal de requequé,
Etcétera e coisa e tá.
E, na hora do moído,
Haja tomar comprimido
Para poder suportar.

IV
Casa só para atender
A um temor filial,
Dar uma satisfação
E dizer que é “normal”,
Mas enjoou da peteca,
Vive a pentear boneca
Lá no fundo do quintal.

V
Quando vê uma menina,
Faz o maior elogio:
Diz que é linda e que é gata
E só pode estar no cio,
Porém, ao ver um malhado,
Fica todo agoniado
Tomado por arrepio.

VI
Ele é adepto do amor
Que nega dizer o nome:
Seja ele ou seja ela,
Esteja farto ou com fome,
Mente pra sociedade,
Que não tolera a verdade
Que a fogueira consome.

VII
Veio agora a decisão
Do Supremo Tribunal:
Se Esther adora Bruna,
José escolheu Cabral,
A rejeição do contrário
Abriu a porta do armário,
É o maior carnaval.

VIII
Eu conheço um grande artista,
Que está andando de conga
E gosta de difamar
Quem não admite ponga,
Dias depois de ficar broxa
Passou a usar galocha
E transar com araponga.

IX
O governo é sensível
Com essa mistura fina:
Já mandou para o Congresso
Uma emenda cristalina
De mais de R$ 15 milhões,
Garantindo pros machões
Uma Bolsa-Vaselina.

X
A guerra sexual
Foi transmitida de I-pod:
Separaram homem e mulher,
Cabra nunca mais viu bode,
Pasta deu tchau pra sacola,
Mulher juntou as calçolas,
Homem emendou os bigodes.

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