sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Esqueceram de desligar o rádio...

Quando vi o Lula dizer “nós somos a opinião pública”, no delírio deambulatório que se apossa dele sempre que está em cima de um palanque, fiquei com pena. Dele.
Hoje, ao recordar a cena, não lembrava em qual cidade paulista ele estava, sabia que fazia a campanha para governador do Mercadante. Corri para o Google: Campinas.
E li: “Nós vamos derrotar alguns jornais e revistas que se comportam como partidos políticos. Nós não precisamos de formadores de opinião. Nós somos a opinião pública”.
O então presidente do PT, José Eduardo Dutra, afirmava, no mesmo palanque, que iam “avermelhar Campinas, São Paulo e todo o Brasil”.
Os dois, cantando de galo em alto e péssimo som, soltaram muitas graças: “Quando o Mercadante se eleger governador, vou criar um Bolsa Família para os tucanos não passarem fome”. (Cá pra nós: vai ver é por isso que a oposição anda tão fraquinha... Não recebe o Bolsa-Família, não come bem, nem toma o Biotônico Fontoura).
Mas a frase mais engraçada foi a do Dutra: 'Não adianta produzir manchetes contra nós'.
Eles não são do arco da velha?
Para início de conversa, ó amigos do alheio, é preciso ter em mente que não é a Imprensa que gera as manchetes. Ela as reproduz.
Não foi a Imprensa que escolheu, nomeou, cevou e protegeu, durante 8 longos anos, o ministro dos Transportes. Tampouco foi ela a responsável pelas Conabs, Dnits, Valecs, Ibrasis, e o que mais estiver no forno prestes a aparecer.
Mas é à Imprensa, que publica as notícias que o Governo produz, que devemos o início de assepsia há muito desejado pela opinião pública brasileira.
Que não morreu, e não morrerá, enquanto houver um radinho funcionando neste país. O Zé ouve seu programa favorito lá em Brejo da Madre de Deus e logo a notícia se espalha, igual fogo em mato seco e chega ao coração dos pampas gaúchos.
A TV é para outros divertimentos, mas o noticiário local, a festa do santo, os 90 anos do amigo, o preço do arroz, o prefeito safardana, a chuva que salva ou a chuva que mata, isso é com o rádio. Assim como o que aprontam em Brasília...
Ainda está muito distante a força das redes sociais por aqui. Virá, isso é certo, que o mundo não anda para trás.
Mas o que alimenta a sede por notícias e preenche nossas vidas, ainda é o rádio. A mãe de família, o caminhoneiro, o taxista, o cozinheiro, o pedreiro, a costureira, o carteiro, o porteiro, converse com eles e veja qual é seu companheiro de manhã, de tarde, de noite.
O rádio, que permite que continuemos com nossas tarefas, mãos e olhos disponíveis para o trabalho; o rádio, que faz chegar àqueles ouvidos ingratos o recado da Maria para o José: ”Você abusou, tirou partido de mim, abusou...”.
(Por MARIA HELENAR.R. DE SOUZA, prá quem não sabe é filha do grande ADONIRAM BARBOSA)

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