quarta-feira, 31 de agosto de 2011

OBNUBILADOS NOS REFOLHOS

Hiram Reis e Silva (*)
“(…) Lula transformou-se em um marqueteiro de si mesmo”. (Paulo Brossard)
Paulo Brossard de Souza Pinto
O ex-ministro, advogado, jurista, professor e político brasileiro Paulo Brossard nasceu em Bagé, RS, no dia 23 de outubro de 1924, filho de Francisco de Souza Pinto e Alila Brossard de Souza Pinto. Formou-se em Direito, em 1947, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e ministrou aulas na Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Foi eleito Deputado Estadual pelo PL nos anos de 1954, 1958 e 1962 e, depois da Revolução de 1964, filiou-se ao MDB sendo eleito, em 1966, Deputado Federal. Eleito senador em 1974 foi primeiro vice-presidente nacional do MDB no período de 1975 a 1979. De 1978 a 1980, foi líder da bancada no Senado até a criação do PMDB. Foi Consultor-geral da República do governo Sarney e mais tarde Ministro da Justiça até sua nomeação para ministro do Supremo Tribunal Federal, em 1989, cargo que lhe garantiu um assento no Tribunal Superior Eleitoral corte para a qual foi eleito presidente em 1992. Aposentou-se do Supremo Tribunal Federal em 1994.
Brossard sempre foi um homem determinado e mordaz nas suas críticas aos governos e desgovernos. Embora o artigo abaixo tenha sido escrito há alguns meses vale a pena reportá-lo já que, infelizmente, a grande mídia amordaçada e compromissada não lhe tenha dado o devido e necessário destaque. O próprio título merece uma reflexão à parte, Obnubilado significa escurecendo e Refolho a parte mais íntima da alma.
Obnubilados nos Refolhos
Fonte: Paulo Brossard, quinta-feira, 28 de abril de 2011
Depois da Festa dos bandidos a Conta dos otários
A 31 de dezembro de 2010, findou-se o octonado do presidente Luiz Inácio, que proclamou ter sido o maior e melhor de todos os governos.
No dia 1º de janeiro de 2011, teve início o quadriênio da senhora Dona Dilma e, sem demora, o Banco Central elevou o juro básico, ao mesmo tempo em que deixava claro que outros aumentos estavam previstos.
Já agora, mal completados 60 dias de governo, o mesmo Banco Central, aumentou pela segunda vez em meio por cento o juro básico, que passou para 11,75%, tudo por conta da inflação. Desta maneira, o Brasil cresceu na liderança mundial do juro real, descontada a inflação, agora a 6,1% ao ano, ficando a Austrália em segundo lugar, com 2% ao ano.
Não votei na senhora presidente, mas me parece conveniente, senão necessário, salientar que, enquanto ao governo do ex-presidente cabem todas as benemerências, as maleficências vêm sendo imputadas ao governo que se inaugura. Assim, a inflação apregoada surgiu de inopino no dia 1º, 2 ou 3 de janeiro, e dela não se sabia gorda e luzidia antes de 31 de dezembro, guardada nos refolhos oficiais para aparecer no dia 19 de janeiro a motivar o primeiro Ukase do Banco Central? Ou alguma coisa está mal contada nessa estória?
Afinal, houve o propósito de mascarar a inflação para não obnubilar o maior e melhor de todos os governos, deixando à malícia a incumbência de colocar no colo da senhora presidente, entre as flores da posse, a febre que se alastra? Sem falar em inapagável traço burlesco, o ministro da Fazenda do maior e melhor dos governos continua sendo o ministro da Fazenda do governo que acaba de descobrir uma conta de “saldos a pagar” que rivaliza com o dobro do custo estimado do trem bala do Rio a São Paulo.
Outro dado de particular relevo envolve a responsabilidade do ex-presidente da República, depois de terem sido quitados R$ 28 bilhões, destinados por ele no ano eleitoral, sobrevêm mais de R$ 98 bilhões a pagar, ou seja, quase o dobro do corte ou do “condicionamento” decretado pela atual presidente. Bastaria esse número para retratar o montante excepcional do gasto. Tenho receio de não ser exato em tais dados, mas o que me parece sem sombra de dúvida é que um governo regularmente organizado não pode gastar somas desta ordem de maneira anárquica. Nem de longe falo em desvios ou locupletamentos, pois não tenho elementos a respeito, mas me limito a registrar o fato em sua objetividade. E estes são espantosos. De tal maneira que, segundo a mesma fonte, o governo de Dona Dilma estaria examinando a hipótese de não honrar despesas bilionárias contraídas pelo governo qualificado de “o maior e melhor de todos os governos em todos os tempos”.
Não sei qual será a decisão da senhora presidente diante da seleção de despesas contratadas pelo governo do ex-presidente, sabendo-se, contudo, que o cancelamento de contratos poderia alcançar R$ 39,9 bilhões. Os números são astronômicos e a facilidade com que se agia em matéria de dinheiro público autoriza o mais complacente observador a duvidar da sentença do presidente Luiz Inácio, segundo o qual o seu governo teria sido o maior e o melhor de todos os governos do país em todos os tempos.
Porto Alegre, RS, 30 de agosto de 2011.
(*) Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS)
Vice-Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil/Rio Grande do Sul
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS)
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional
Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br
E–mail: hiramrs@terra.com.br

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